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Homossexualidade - não julgar, respeitar somente...

As pessoas que me conhecem sabem o quanto amo minha religião (Umbanda), o quanto ela foi e é importante na minha transformação pessoal e na maneira de encarar a vida. Sabem também que não sou de julgar, criticar ou desrespeitar a religião de ninguém, pois acho que cada um sabe de si mesmo e Deus, nosso Pai, conhece a todos.



Algumas pessoas me perguntam como a minha religião vê o homoxessualismo. Posso dizer que a Umbanda ensina que devemos sempre respeitar o comportamento das pessoas, procurando compreendê-las, quando suas atitudes não estão de acordo com aquilo que não é considerado normal. Ensina que cada um é senhor de sua vida e de sua consciência, e é responsável por seus atos.

Aprendi na Umbanda que a caridade, o perdão e o amor estão acima de qualquer opção sexual. Nenhum Orixá ou entidade irá desprezar um ser humano, pela sua opção sexual, fomos todos criados por Deus e quem somos nós para julgar a criação ou os mistérios do Criador.

Aprendemos, ainda, que o espírito não tem um gênero determinado, mas tende em encarnações seguidas a assumir mais um mesmo gênero, e que as almas, ao longo da sua evolução (várias encarnações), apresentam-se com caracteres acentuadamente masculinos ou femininos, e esse comportamento íntimo reflete-se no corpo físico. “O Espírito concentra energias eternas no nível superior da sua estrutura, energias essas que se distribuem pelos sistemas mental, intelectual e psíquico, repercutindo no corpo humano.”

No incessante pendular das reencarnações, essas energias irão concentrar-se na psique, do que a personalidade do ser humano é pequena mostra. As características mentais, superiores e inferiores, não se alterarão, esteja o Espírito vestindo roupagem física masculina ou feminina. Em outras palavras: virtudes ou defeitos não sofrem variações em função do sexo a que pertença o agente, ora encarnado. A parte que muda – e muda bastante – é o campo gravitacional da força sexual, quando o reencarnante também muda de sexo.

O sexo, essencialmente, define as qualidades acumuladas pelo indivíduo, no campo mental e comportamental. Assim, homens e mulheres se demoram séculos e séculos no campo evolutivo próprio em que se situam suas tendências, masculinas ou femininas. A Natureza, prodigamente, inversa à polarização sexual dos indivíduos que detenham apreciável bagagem de experiências num dos campos, masculino ou feminino. Nesses casos, tal inversão se dá de forma natural, sem desajustes.

Contudo, existem casos, nos quais será útil ao Espírito renascer, compulsoriamente, em campo sexual oposto àquele em que esteja por abusos e desregramentos. Aí, o nascimento de criaturas com inversão sexual cogita, na maioria dos casos, de lide expiatória.

Isso acontece porque há pessoas que tiranizam o sexo oposto: O homem, por exemplo, prevalecendo-se de sua superioridade, auto-concedida, abusa e surrupia direitos à mulher, passando a devedor perante a Lei de Igualdade, do que sua consciência, cedo ou tarde, o alertará. Então, quando isso ocorre, voluntária ou compulsoriamente, será conduzido pela Justiça Divina a reencarnar em equipamento feminino. Mantendo matrizes psíquicas da masculinidade, estará extremamente desconfortável num corpo feminino, para assim aprender o respeito devido à mulher, seja mãe, irmã, filha ou companheira.

Identicamente, sucederá à mulher que, utilizando seus encantos e condições femininas de atração, arrastou homens ao desvairo, à perdição, ao abandono da família: terá que reencarnar como homem, embora suas tendências sejam declaradamente femininas. Nessa condição, os que dão livre exercício a tais tendências, cometem novos delitos.

Considerando que tais indivíduos encontram-se em provação (desenvolvimento de resistências a má inclinação), ou, em expiação (resgate de faltas passadas), seu mau procedimento agrava seu karma, e reencarna “amargando provas” das quais não deve fugir, pois nada mais são que o resultado de erros pretéritos no campo sexual.

Esta condição, todavia, não lhe dá o direito de agir de forma contrária à lei natural, porquanto se a homossexualidade fosse normal à lei da reprodução não o seria, e não haveria necessidade de macho ou fêmea.

Os espíritos ensinam que a energia sexual é criação divina para a procriação e continuidade da espécie. Que o sexo em bases de amor e carinho, respeito e atenção pelo sentimento alheio, é força maravilhosa.

Tanto o homossexual como o heterossexual deve buscar a sua reforma interior, não cedendo aos arrastamentos provocados pelos impulsos instintivos e sensuais. Há necessidade intransferível de vivência equilibrada no campo sexual a fim de encontrar a harmonia para as futuras reencarnações.

Segundo o pensamento espírita, o homossexual é um espírito que enfrenta momento de provação, e que deve estar vigilante para que se saia vitorioso, em vez de agravar os seus débitos perante a lei divina. Mas o que é estar de acordo com a lei divina? A resposta foi dada por Jesus: Fazer aos outros todo o bem que gostaríamos que nos fizessem.

Aprendemos que antes da reencarnação, ainda no plano espiritual, o espirito em retorno ao corpo físico já faz sua opção pela forma masculina ou feminina, bem como toda a programação da missão que terá aqui no planeta Terra e través de nosso livre-arbítrio escolhemos as provas que iremos vencer nesta vida (quando encarnados) com o objetivo de evoluir, dominar (superar) nossas más tendências, nossos defeitos, corrigir os abusos ou desvios sexuais.

Em poucas palavras, a homossexualidade nao é vista pelo Espiritismo como um mal terrível a ser explicado. É mais uma característica do ser humano, que, segundo as implicações dela na vida terrena do espírito, poderá ter causas diferentes numa vida anterior, como efeitos diferentes numa vida posterior.

Compreende-se, portanto, que os homossexuais são Espíritos que podem ter cometido abusos sexuais em sexo diferente do atual, respondendo, tal comportamento no passado, pela atual atração que sente por pessoas do mesmo sexo, devendo resistir a esses apelos instintivos em prol do seu aperfeiçoamento moral.

Pela Lei de Justiça divina, esse filho ou essa filha estão no lugar certo, entre as pessoas também certas: sua família.

É como “uma experiência que o Espírito se impõe ou que lhe é imposta, por causa de uma conduta anterior na qual não soube manter o equilíbrio. (…) Cabe ao espírito reencarnado, respeitar o corpo físico. Então se pergunta se esse Ser tem o direito de experimentar o sexo? É um problema de consciência. Cada um responde pelo comportamento que tem; no entanto uma lei é incontestável: temos o dever de nos respeitar e respeitar nosso próximo”.

Uma outra coisa a considerar é que, excetuando-se os espíritos que aqui encarnam como missão, todos os outros estão aqui todo o tempo expiando e sendo provados. Temos a grande tendência a querer interpretar tudo o que passamos como expiação ou mesmo como recompensa por uma vida anterior, de acordo com o fato nos ser positivo ou negativo. No entanto, muitas das vezes algumas de nossas características seriam de caráter de prova. Ou seja, neste caso, uma pessoa encarnaria como homossexual para ser testada, e, de acordo com o como ela faz uso dessa orientação sexual e do que ela implica, ela terá conseguido dar um passinho adiante na sua evolução ou não.

Devemos ter em mente que respeitar não é incentivar, e que a nossa permanência neste Planeta é com a finalidade de evoluir, dominar nossos impulsos, frear nossas tendências, exterminar nossas paixões e orientar nossos sentimentos para podermos chegar ao estágio de evolução e equilíbrio da alma.

“[…]A recomendação do Espiritismo para o respeito e a compreensão para com os irmãos que transitam em condições sexuais inversivas (homossexualismo), ocorre em função do sentimento de fraternidade ou caridade que deve presidir o relacionamento humano, mas igualmente pelo fato de que nenhum de nós tem autoridade suficiente para condenar quem quer que seja, pois todos temos dificuldades morais e/ou materiais graves que precisam de educação.

[…]A Doutrina Espírita não condena o homossexual. Ao contrário, recomenda que tenhamos para com ele todo o respeito, a consideração e o carinho, uma vez que é um espírito que atravessa momento difícil (até mesmo tormentoso) em que necessita promover a sua edificação moral.”.

Obviamente, nossos irmãos homossexuais merecem todo o nosso respeito e não podem ser discriminados, nem rejeitados, pois, como disse o meigo Rabi da Galiléia, “aquele dentre vós que não tiver pecados, atire a primeira pedra”. Não serei eu a atirar! E possivelmente muitos machões de hoje já passaram pelos desvios homossexuais na fileira de existências anteriores, na Grécia ou em Roma.

Mas da mesma forma a ética moral da Doutrina Espírita, também, não faculta ao heterossexual a corrupção, a prostituição e a promiscuidade, a dignidade deve permanecer sempre. Para ambos, os abusos, tais como as orgias, o sadomasoquismo, a necrofilia, a pedofilia e outros, são práticas que comprometem o equilíbrio no manuseio das forças genésicas (é aonde se localiza o santuário do sexo, como templo modelador das formas e estímulos, responsável pela guia e modelagem das formas entre as almas) e são contrárias às leis naturais, dando uso aos órgãos sexuais de maneira diversa do que recomenda a sua natureza.

Allan Kardec deixou assentado nas páginas de “O Livro dos Médiuns” que os defeitos que afastam os bons Espíritos de nosso campo vibratório são “o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem a matéria” (capitulo XX, item 227).

Emmanuel, em seu livro “Vida e Sexo” diz: “Diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, colocai-vos, em pensamento, no lugar dos acusados, analisando as vossas tendências mais intimas e, após verificardes se estais em condições de censurar alguém, escutai, no âmago da consciência, o apelo inolvidável do Cristo: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.

Homens e mulheres nascem homossexuais com a destinação específica do melhoramento espiritual, jamais sob o impulso do mal. São criaturas em expurgo de faltas passadas, merecedoras de compreensão e sobre tudo esclarecimento. Terão renovadas chances de aperfeiçoamento espiritual, pois a Reencarnação é escola que aceita infinitas matrículas, inda que na mesma série.

Os homossexuais não são passíveis de críticas, senão de esclarecedoras luzes espíritas em suas sensíveis almas, iluminando seu presente.

O que a Doutrina Espírita considera negativo para o espírito é o comportamento nesta ou naquela área: uma vida promíscua, a pederastia, a entrega sem nenhum respeito por si mesmo nem pelo próximo, não apenas no homossexual, mas também no heterossexual. Na Umbanda se aprende que a Justiça Divina é para todos os seres, assim como a Lei da Ação e Reação (plantar hoje e colher no futuro) atinge todas as criaturas sejam homossexual ou heterossexual, pois a aplicação da Lei e da Justiça Divina reflete sobre todos os espíritos encarnados ou desencarnados.

Emmanuel: “Ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo.” (O Consolador. q. 184).

Por fim, aprendi com o espiritismo, mas propriamente com a Umbanda, e com a vida que: Qualquer preconceito contra o homossexual é uma agressão ao livre-arbítrio do indivíduo.

Quando o Espiritismo for popularizado, e as pessoas tiverem e viverem esse conhecimento, haverá mais possibilidade de os preconceitos acabarem e haver mais respeito pelos homossexuais ou por aqueles que portam qualquer imperfeição física ou moral ou, ainda, pelos que são de outras raças ou religiões, porque ninguém é senhor da verdade nem pode atirar a primeira pedra; é algo perigoso que pode nos atingir no futuro.

Afinal somos todos irmãos, cada um no seu grau de entendimento e evolução.

E… Se não cai uma folha da árvore sem a permissão do Criador…Que autoridade tenho para criticar? Nem contra nem a favor da homossexualidade… Respeito simplesmente.


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